A assessoria do Suplicy não tem noção

Entrei em contato, pelo site, com o senador Eduardo Suplicy para mostrar minha indignação com a proposta de identificação no acesso à internet. Primeiro segue meu email, em seguida a resposta deles.

De: [email protected] [mailto:[email protected]]
Enviada em: segunda-feira, 6 de novembro de 2006 16:19
Para: Sen. Eduardo Suplicy
Assunto: HP РIdentifica̤̣o

Olá Senador,

Infelizmente não conheço sua posição nesse assunto, abordado em matéria da Folha (http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20908.shtml), sobre identificação obrigatória de acesso à internet.

Gostaria que você, em quem votei nas duas últimas eleições, considerasse se opor a esse projeto, e pudesse conversar com seus colegas, fazendo-os desistir dele.

Eu entendo que a constituição brasileira não permita o anonimato, conforme quarto parágrafo do quinto artigo. Mas o Estado não pode presumir que somos todos culpados. Não posso ser considerado um suspeito apenas por estar num meio que exista uma minoria criminosa. Há certas comunicações minhas que não desejo acesso à ninguém. A resposta usual a esse tipo de colocação é a pergunta, “Se você não fez nada de errado, o quê você tem a esconder?”

Bem, talvez eu tenha feito algo de errado. Hoje de manhã eu naveguei pela internet e achei uma página com todas as fotos das capas da revista Playboy. E vi elas. Se minha namorada souber disso, ela vai brigar comigo. Esse exemplo é banal? Não em outros países. Em alguns lugares do mundo eu poderia ser apedrejado em praça pública pelo que fiz.

Não quero dizer que as leis do Brasil podem mudar e passarem a considerar minhas ações ilegais. Sei muito bem a diferença entre o certo e o errado. Não vou nem mencionar que hoje em dia já é possível identificar quem faz o quê na internet atráves do número IP, dado à toda conexão. Ou roubo de identidade, computador compartilhado… tudo isso é irrelevante.

Há uma questão mais profunda nisso, de relação do governo com a sociedade. O governo deve “temer” a sociedade, pois somos nós que o criamos, controlamos e fiscalizamos. O inverso não pode ser verdadeiro para cidadãos, como eu, que respeitam as leis. O controle da manifestação da expressão inibe a capacidade do povo de controlar o governo. Não deixe isso acontecer, por favor.

Obrigado Suplicy.

A resposta da assessoria do senador chegou no mesmo dia, algumas horas após a minha mensagem. Ao menos isso…

Toda correspondência que chega aqui ao gabinete, por via virtual ou não, antes de ser encaminhada ao senador Eduardo Suplicy para resposta e/ou providências, tem seu remetente cadastrado em nosso banco de dados. Para o cadastro, são necessários o nome e endereço completos, incluindo o CEP, e telefones para contato, com DDD, que serão para uso apenas interno, do gabinete. Essas informações não são divulgadas nem usadas indevidamente.

Contamos com sua compreensão, enquanto aguardamos.

Atenciosamente,

Assessoria do senador Eduardo Suplicy

Normalmente eu não me negaria em fornecer nenhum desses dados, mas achei a situação boa demais para não dar essa resposta:

Vocês leram minha mensagem, por acaso?

A ironia…

Um a zero, para mim? 🙂

Na verdade, acho que exigir identificação ao nos correspondermos com político é maluquice. O cara pode ser “autoridade”, mas também é funcionário público, e servil à sociedade. Porquê preciso dar nome, cep e telefone para ser cidadão?


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